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quinta-feira, 15 de maio de 2008

O fardo do fim

Tamanha liberdade tinha
Pra te dizer
Onde tocar-me
E de que forma eu poderia
Extrair de ti
Todo prazer possivel
Repetidas vezes
Da noite até o amanhecer
Com tua arte de tornar
Dois corpos tão distintos
Em um só
Teu cheiro já saiu
Das minhas narinas
Teu corpo já não me alcança mais
E embora nossas vidas continuem
Entrelaçadas pelo carinho
Trago no peito
As cicatrizes
Das lágrimas que você barrou
Enquanto eu te dizia
Que o melhor pra nós
Era o fim
Mas mesmo que eu veja
Que, de fato, o fim preservou
Os sentimentos nobres
Que nos conduziam
Para além dos teus lençóis
Lançamos em nossas costas
O fardo de aceitar
Que nada do que construímos
E que investimos
Se consolidou

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