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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Estou de volta

Não sei como explicar, mas circula em meu corpo uma suave e relaxante sensação que vem no intervalo entre o fim do choro e o início do sono. Não é nada doentio, não me sinto mais bonito ou mais movido a me vingar. Simplesmente me sinto bem. No rosto, sinto o grudar das lágrimas secando. Algumas ainda querem descer, mas estas já não rasgam meu peito. Descem porque devem seguir o fluxo pra fora de meu corpo; rumo ao vento, com todas as amarras.
É nessa hora que vêm o sono; como um bálsamo, lavando o resto de lama das lembranças que antes me encarceravam. Casa limpa, rosto horrível. Nariz e olhos inchados, diante do espelho, me fazem rir. Como é gostoso voltar a respirar sem peso, comer com vontade, pensar no futuro. Há muito tempo não tinha o prazer de chorar comigo mesmo, sem reservas, sem medo de ser fraco. Há muito tempo não abraçava a solidão, que sempre esteve ao meu lado e sempre foi a minha melhor companhia. Deito e acordo com ela, e dela fiz e sempre farei a minha eterna enamorada.
Já ouço os pássaros cantarem, que horas são agora? Pouco importa, ganhei a noite numa longa caminhada de volta ao meu corpo. Enfim cheguei. Bastante mudado, devo confessar. Não sei se acerto voltar a viver como antes, até porque não caibo mais em mim. Cresci em medidas que preferia não crescer e perdi volumes preciosos no caminho longe de meu lar. Expandido, ampliado e confuso; fuço os velhos móveis cobertos de poeira.
Estou de volta! Não sei se fico, não sei se vou fazer uma mudança aqui, mas estou de volta. É o que importa, só quero abraçar meus lençóis, me cobrir por inteiro e dormir até que pese a cabeça.

A cinza alcatéia

Estirado no chão
Contemplo uma cinza alcatéia
Dilacerar meu peito
Saboreando nele
As tiras do amor próprio
Que ainda me resta
Nos lábios entreabertos
Emito apenas uma respiração ofegante
Sussurro agonizante
Daqueles que se sentem mortos
Embora estejam vivos
Se sinto dor?
Sim, muita dor
Mas até da dor que sinto
Os lobos se alimentam
A luz da lua cheia
Reflete um brilho prata
Na superfície de meu sangue empoçado
Admiro agoniado
No chão branco
O gotejar de minha vida se esvaindo
Tento pedir por água
Mas a água que sai dos meus olhos
É lambida por um lobo
Um gesto de carinho, talvez
Ou um privilégio que me arrancam
E ao olhar fixamente nos olhos desse lobo
Os olhos que me mantém vivo
Sangrando
Desejando sugar das íris escuras
A luz da minha liberdade
Sou tomado por um sentimento pleno
De ternura e de tormenta
Se o amo?
Não, não amo
Amo o pedaço de mim
Que ele digeriu
E que nem salvo dele recuperarei
Fecho os olhos e sinto sua língua
Percorrer o meu rosto
Se deleitar em meu pescoço
Cobrindo minhas feridas de saliva
Um gesto de carinho, talvez
Ou outro privilégio que me arrancam

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Louco sou

Por segundos te tomo emprestado
Te toco a essência
Sugo cada gota
De seu carinho forjado
E colho as migalhas
Do prazer que emanas
Ao olhar nos meus olhos
Louco sou
A correr pelas ruas
Mentindo pra mim mesmo
Tentando remover
Tatuagem maldita
Seu nome em minha testa
Sua mão em minha perna
Ninguém pode ver
Minhas lágrimas presas
Minha mente perdida
Seu corpo distante
Tão próximo esteve...
Por que se foi?
Brigo com a razão
Pressiono teu peito
Fujo dos teus olhos
Você me enxerga além
Do que precisa enxergar
Aquilo que muitos vêem
E o que ninguém deveria ver
E louco como sou
Corro pros teus braços
Te aliso o pescoço
Ensaio um beijo
Subindo as escadas
Ninguém pode perceber
Sussurro tesão e prudência
Em teus ouvidos clínicos
Em tua mente analista
Te seguro num abraço
E me afasto arrependido
De ter exibido o que você já sabe
Mas que não deveria saber

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