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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Nossa canção

Quando nossa canção tocar
Estaremos suados e entrelaçados
Abraçados e debaixo dos lençóis
Experimentando o máximo do prazer

Pois a nossa canção é nascente
De um sentimento intenso e confuso
Que transborda em meu peito
E me faz querer-te ainda mais

Que se ouça em toda terra nossa canção
Junto com os nossos sussurros
Que não pareça obseno, sujo
Mas que seja puro, como o próprio amor

Puro como sonhei e não quis acordar
Como o convite que fazia com os lábios
E com as mãos sedentas
Enquanto te despias e deitavas

Iniciando o mais lindo espetáculo
Que, dentre tantos conceitos, banalizado
Resiste firme em nosso coração
E correndo ao vento com a nossa canção


Feito em 2004

A rosa

Rosa moribunda
Abandonada ao chão
A cor lhe falta
Seu talo grita por água

Rosa desbotada
De pétalas soltas
Arrancada do caule
e despedaçada

Que na força da sua juventude
Exibia uma cor majestosa
Hoje morta, "destroçada"
Unida ao pó da terra

Há quem se importe?
Por Deus, alguém note
Ou até termine o que começou
Esmagando a flor que arrancou


Feito em 2003

A enfadonha dor

Melodia fúnebre
Melodia suave
Ecoa nos bosques
Soa nos vales

Melodia triste
Como o verde que rodeia
Som da chuva ao balançar
Das folhas da palmeira

Melodia monótona
Como noite sem estrela
Sem a luz da lua cheia
Nuvem carregada e brisa fresca

Mais um que morre
Mais um que nasce
Mais um choro, mais um sorriso
Mais um tormento, mais um sumiço

Mãos que tocam a harpa da dor
Tentando amenizar
Alegrar o coração ferido
Mas volta a machucá-lo

Sofrer é viver?
Tem que ser assim...
Ou cubro meus ouvidos e sigo
Ou me escondo em mim

E mesmo que eu finja não existir
Tente esquecer ou sumir
A dor mora dentro de mim
Não posso me amedrontar

Vou brusacmente arrancar
Essa dor, esse desalento
Quem sabe do vale passar
E pôr fim ao meu sofrimento

Feito em 2003

Coração

Urra coração partido!
O abafado grito
Que por dentro te rasga

Dá seu último suspiro
De sofrimento, aflição
Rompe suas paredes

Arranca de sí mesmo
Melodia desesperada
Agonizante, explode!

Mas não morre, clame a Deus
Ache conforto
Seja restaurado

Volte a bater, devagar
Tudo isso vai passar
E amanhã novo estarás


Feito em 2003

Chuva

Eu só quero me enrolar
Em lençóis frios, deitar
Sentir Deus me esquentar
E dormir

Simplesmente dormir
Sonhar, acordar e novamente dormir
Ouvir a mensagem do frio pra mim
Apenas deite, pois já te venci

O céu escuro e em pranto
Comovido com o clamor da terra
Sedenta de água fria
Insatisfeita por enquanto

As folhas encharcadas chacoalham
Com o ímpeto do vento revoltado
Os animais correm, se escondem
Eu vejo tudo isso e fico parado

Contemplando todo o espetáculo
Despercebido pelos agasalhados
Que correm desesperados
Aos lençóis de suas camas

feito em 2003

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Carne exposta

Hoje fui brutalmente abusado. Tenho provas e argumentos suficientes para sustentar minha acusação, pois o meu agressor fui eu mesmo. Parece até loucura dizer isto, mas eu não tenho o menor constrangimento em dizer que abusei de meu próprio corpo contra a vontade dele. Claro que isso não aconteceu no plano físico, e qualquer laudo ou perícia atestaria a ausência de lesões corporais.
Eu me agredi apresentando o meu corpo a sociedade como carne exposta, pronta para ser embalada, cozinhada e consumida. Talvez isso não choque a muitos que já estão acostumados a vender sua beleza e juventude e a receber como moeda de troca um relacionamento frustrado ou até mesmo o enfadonho orgasmo do sexo casual, mas hoje pude perceber a violência e o masoquismo que é se lançar como simples sonho de consumo.
Nesse momento você pode até estar se perguntando: " Mas que diabos aconteceu pra ele chegasse a essa conclusão infeliz? Será que se frustrou numa transa? Será que foi rejeitado?" Eu posso responder em minha defesa, afinal eu mesmo fui autor e vítima do crime. Cheguei a essa conclusão porque lembrei-me de todas as pessoas com quem tive o mínimo de envolvimento amoroso ou sexual e vi que quase 90% delas não valeram a pena.
Entraram em minha vida, me usaram, sugaram cada gota de meu prazer e se foram alegres e satisfeitas. Consumiram minha carne, minha energia, minha inocência e hoje estão em busca de outros corpos pra se alimentar. Carne exposta foi o que fiz de mim, e eu mesmo me agredi ao permitir que minha boca tocasse tais lábios vorazes, que minhas mãos passeassem por tais corpos. Sou culpado por buscar nessas bestas a vida que a sociedade almeja pra mim; e que, ironicamente, a torna impossivel.
Então este, e apenas este é o meu crime. Qual seria a setença pra mim, réu e vítima neste mesmo caso? A moeda que recebi pelo corpo que expus: a ausência de esperança em um relacionamento sadio e estável.

No fundo criança

Percebi há pouco tempo que, na verdade, não é apenas a imagem de uma criança precoce que chama a atenção em mim. No fundo, bem no imo, eu ainda sou uma criança precoce. Um menino nerd que tenta se passar por adulto. Aonde está toda a experiência que eu achava que tinha? E a bagagem e sabedoria que enxergavam em mim? Sinceramente estou confuso, pois o que levanto como certeza hoje amanhã é destruído em questão de segundos.
Sinceramente há algo de errado comigo. Não diante do espelho, mas na linha do tempo. Vejo que os anos seguiram e meu corpo também, mas em minha mente o tempo parou. Tem anos passados que são como buracos em minha mente. E como o tempo passou... Lembro-me de ter medo de chegar aos 15 anos, de sonhar em morar sozinho aos 18. Não posso deixar de rir quando penso em como me iludia com a vida adulta.
Imaginava-me um boêmio e poeta, dançando junto a meretrizes madrugada adentro, bebendo, sendo inebriado pelo perfume de damas da noite e das baforadas de cigarro. Quão enganado estava... Agora vejo que as luzes piscam não só para iluminar a noite, mas para disfarçar os rostos descontentes dos que buscam diversão. A vida desencantada dos que circulam quase mortos, tentando sugar dos lábios uns dos outros a pouca vida que lhes resta.
Sou sim, uma criança lançada num filme de horror, circulando entre mortos-vivos, visto como um "vivo-morto". Vivi muito tempo em mim, e ao ser lançado para fora ví uma dinâmica diferente de meu mundinho quente e acolhedor. Quero voltar pra dentro de mim!!! Se não for possivel, terei que fazer algo ainda mais difícil: fazer deste mundo o "meu mundo", imprimindo o mundo dentro de mim nele.

Mau humor

Me sinto profundamente mal humorado esta noite. Sono não vem, a raiva consome meu peito. O pior de tudo é que estou com raiva por um fato trivial, uma bobagem que logo passará. O que me leva a manter a raiva e a acentuar meu mau humor? Não sei o que está havendo, mas fica cada vez mais dificil ter um bom dia.
Acordo já me sentindo um fracassado. Os dias vão passando como um trem desgovernado, levando embora toda a esperança de uma vida estavel. Ai de mim se meu pai morre... Vejo-me velho e sem a menor perspectiva. Muitos dizem que sou inteligente, que sou capaz... Mas de que adianta ser isso e não ter em mãos o futuro com que sonhei?
Sinceramente me sinto mal humorado, sem um pingo de saco pra adular gente chata, desejando de todo o coração mandar a todos pro inferno. Que saco de vida! Espero que não considerem isso, pois sei que pode ficar ainda pior. Porém não posso deixar de enfatizar minha intolerância a tudo que me cerca.
Há poucos minutos ouví música, tentei me alegrar. Não adiantou. Mesmo sendo movido a música, acabei moldando o repertório ao meu estado de espírito. Ontem por pouco não tento suicídio, que tem sido um dos meus pensamentos mais freqüentes nesses ultimos meses.
Uma força estranha me trouxe da cama à cozinha. Meu lápis até então bem afiado namorava meu pescoço, enquanto lágrimas tentavam saltar dos olhos. Estava seco e morto por por dentro, acho que elas evaporaram. Quanto ao lápis, percebi que uma faca seria mais eficaz nesse serviço.
Cheguei a testar de leve, mas me deparei com a surpresa de não conseguir afundar. Será que não conseguirei fazer isso??? Acho que grande parte do meu mau humor se dá pelo fato de eu não conseguir encerrar minha vida. Preso aqui, sem futuro e sem presente, continuo vivendo.

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