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domingo, 4 de julho de 2010

Compulsão

Por favor, se afaste de mim
Meu corpo está sujo
Minha roupa manchada
Meus lábios amargos
Olhe pros meus braços
Úmidos, marcados
Sinto o odor do meu corpo usado
Tantos o tocaram
Muitos possuíram
Já não sinto tremor
Ao ser tocado
Feri meus lábios
Depilei minhas costas
Já não há pêlos
Pra que eu fique arrepiado
Só sinto mãos pesadas
Respiração ofegante
Vejos os olhos fechados
Ou vidrados em um só lado
Movimentos repetitivos
Enfadonhos
Chocam o peito contra o meu
Pegajoso e calejado
Já não durmo abraçado
Já não ouço o coração bater
A respiração acalmar no pescoço
Sinto-me morto
Mas não digo não
Quero ir pra casa
Ficar sozinho
Simular a inocência perdida
Mas não posso dizer não
Posso apenas me despir
Sem nada no bolso
Com uma pedra no estômago
Pronto pra ser consumido
Não posso dizer não

Feito em 2009, não condiz com meu estado de espírito atual...

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