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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Carne exposta

Hoje fui brutalmente abusado. Tenho provas e argumentos suficientes para sustentar minha acusação, pois o meu agressor fui eu mesmo. Parece até loucura dizer isto, mas eu não tenho o menor constrangimento em dizer que abusei de meu próprio corpo contra a vontade dele. Claro que isso não aconteceu no plano físico, e qualquer laudo ou perícia atestaria a ausência de lesões corporais.
Eu me agredi apresentando o meu corpo a sociedade como carne exposta, pronta para ser embalada, cozinhada e consumida. Talvez isso não choque a muitos que já estão acostumados a vender sua beleza e juventude e a receber como moeda de troca um relacionamento frustrado ou até mesmo o enfadonho orgasmo do sexo casual, mas hoje pude perceber a violência e o masoquismo que é se lançar como simples sonho de consumo.
Nesse momento você pode até estar se perguntando: " Mas que diabos aconteceu pra ele chegasse a essa conclusão infeliz? Será que se frustrou numa transa? Será que foi rejeitado?" Eu posso responder em minha defesa, afinal eu mesmo fui autor e vítima do crime. Cheguei a essa conclusão porque lembrei-me de todas as pessoas com quem tive o mínimo de envolvimento amoroso ou sexual e vi que quase 90% delas não valeram a pena.
Entraram em minha vida, me usaram, sugaram cada gota de meu prazer e se foram alegres e satisfeitas. Consumiram minha carne, minha energia, minha inocência e hoje estão em busca de outros corpos pra se alimentar. Carne exposta foi o que fiz de mim, e eu mesmo me agredi ao permitir que minha boca tocasse tais lábios vorazes, que minhas mãos passeassem por tais corpos. Sou culpado por buscar nessas bestas a vida que a sociedade almeja pra mim; e que, ironicamente, a torna impossivel.
Então este, e apenas este é o meu crime. Qual seria a setença pra mim, réu e vítima neste mesmo caso? A moeda que recebi pelo corpo que expus: a ausência de esperança em um relacionamento sadio e estável.

Um comentário:

Dr. Roberto disse...

Seus poemas me lembram o estilo poético de Alvares de Azevedo. Sempre externando os sentimentos mais profundos e genuínos do homem frágil, limitado e mortal e sua veneração por tais características. Sinto falta, no entanto, de um toque de divindade, plenitude e esperança que é imanente também do espírito humano.

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